domingo, 21 de dezembro de 2008

Dia a dia

Depois das sete eu recolho o lixo
Eu recolho o pão
Desço as escadas, passo o portão
Fujo do cachorro mordendo meu pé
Fujo sem noção
Eu ponho a carne no molho, eu refresco os cães
Dobro duas esquinas e percebo a guerra
Dos padeiros com os pães
Dos pedreiros com os tijolos
Dos padres com as batinas
Dos meridianos com os pólos
Dos tira-colos frescos, dos sub-solos

Depois das oito eu refugo as chaves
Eu martelo à mão
Subo as escadas, namorando o corrimão
Penso na nação
Eu como a carne dura, eu embebedo os cães
Prego dois quadros e desejo em vão
só pensamentos animados no verão
só amores acabados pelo chão
só rosas murchas num botão
só ventos mornos sem tufão
só versos amarelos no coração

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